quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Amor que gera vida


Se somos constituídos de matéria, se nosso pensamento é falho, nosso conhecimento é limitado, se nosso destino físico é a morte, que sentido há em nossa existência? Se os homens são falhos, se as leis possuem barreiras, se os poderes instituídos podem fraquejar, que sentido há em obedecê-los?
O homem moderno olha para o mundo e, vendo a sua contingencia questiona o sentido de sua própria vida. Não há fim para aquele que não possui um presente consistente e uma origem definida.
Nós não somos uma religião da palavra, muito menos da lei, pertencemos a um povo de história, com um Deus que se revela nesse processo e nos dá um sentido para um mundo em caos. Diante da materialidade, da corrupção e da limitação das coisas e das pessoas a história nos mostra: temos um Deus que nos acompanha e nos fala.
Jesus apresenta o resumo desse falar de Deus: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento” (Mt 22, 37). Não há sentido para interagir em um mundo limitado se não possuímos um absoluto que nos acompanha e nos mostra esse nosso fim eterno.
Amar a Deus está muito além de um sentimento abstrato, é fundamento de uma existência que está fadada ao fracasso se vive por si mesma. Não é sentimento vazio por que é com o coração, com a vontade que nos move a viver com os olhos em um futuro não próximo. É com a alma por que nos coloca diante de um Absoluto e nos torna mais humildes e humanos nessa interação. É com o entendimento por que nos capacita a viver e transformar a realidade que nos envolve.
Para provar que esse amor não é sentimento vazio Jesus ilustra por meio de uma segunda palavra: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22, 37). Um princípio biológico fundamental do homem é a sua auto-conservação, queremos manter sempre a nossa própria vida. Se amamos a Deus, já temos um sentido de viver. Amar o próximo como a si é considerar a pessoa humana como centro dessa relação de amor para com Deus.
Maria nos ensina bem essa dinâmica do amor que ultrapassa o sentimento e torna-se vida. Ela não pensa em si mesma, mas abre-se à proposta de um Deus que, por amor, que entrar na história humana para redimir aqueles que estavam no pecado.
Com ela, aprendamos que a história ganha um novo sentido quando experimentamos um amor que gera vida, porque é dinâmico. Por ela, aprendemos a viver nesse mesmo amor que nos impele a olhar para um futuro que não nos deixa perder-se, porque é eterno.

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