segunda-feira, 5 de março de 2012

O filho amado


“Este é o meu filho amado, escutai-o” (Mc 9, 7)

Em um mundo de tantos problemas, da irresponsabilidade humana diante da necessidade do outro nos questionamos: há sentido para tudo isso? Há sentido em participar de uma existência cheia de falhas, deficiências e dificuldades?
Jesus, nessa mesma perspectiva, mostra aos seus discípulos o projeto de Deus para o homem. Ele leva consigo aqueles que ele ama, sobe com eles a um lugar retirado o mostra a face do homem querido por Deus: um corpo totalmente puro. A vida humana só tem um sentido se vai nessa direção, uma elevação que nos porta à pureza de corpo e alma.
“Apareceram-lhes Elias e Moisés, conversando com Jesus” (Mc 9, 4). Cristo é a síntese desse projeto. Nele está contida a Lei e os Profetas. Ele é o sinal da plena aliança entre Deus e os homens, aquilo que verdadeiramente nos liga ao nosso Pai do Céu, definindo o caminho para tal percurso. Ele é o produto de todas as profecias, a promessa de redenção humana encontra nele o seu cumprimento.
Os discípulos, porém, estavam confusos diante daquele fato. Queriam permanecer naquele estado de glória, não sabendo que aquilo era apenas a demonstração do fim que todos deveriam chegar. Porém, para que isso ocorresse, era preciso verdadeiramente seguir os seus passos...
“Este é o meu filho amado, escutai-o” (Mc 9, 7). É o próprio Deus quem confirma essa realidade. Cristo é a plenitude da Revelação que contém, em si mesmo, o mistério divino e o projeto salvífico de Deus. Em Jesus, encontramos a síntese do homem ideal, pensado no início da criação, aquele que faz a vontade do Pai.
Porém, tudo isso só faz sentido à luz da ressurreição, à luz do mistério da paixão e morte de Cristo. A transfiguração é a antecipação de um projeto a ser realizado após a páscoa de Jesus, depois do mistério da redenção humana, porém, ela só faz sentido quando tudo é cumprido.
Saibamos entrar da dinâmica da quaresma. Que os exercícios penitenciais que ela nos apresenta nos ajude a modelar e purificar o nosso coração das obras mortas do pecado. Que a cruz que somos chamados a carregar não seja um mal, mas um instrumento de minha conformação ao Cristo. Que por meio dela possamos construir, em nossas vidas, um homem verdadeiramente transfigurado, à imagem e semelhança de Deus.

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